segunda-feira, agosto 28, 2006

.poema (drummond)


.as sem-razões do amor
de Carlos Drummond de Andrade


Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.

Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

DRUMONND É PERFEITO, NÃO É?

.o perfume


. o perfume
de Gustavo Resende

Andava pela rua, seus cabelos ao vento e sua face livre de detalhes e passados. Teus olhares mirando os meus olhares. Tenha dó de meu coração, eu pedia bêbado de tanto perfume. O teu cheiro misturava com o aroma das mais lindas rosas do parque público. Seu simples desejo e meu intenso momento.
Ignore mais uma vez. Ironias.
Os dias vieram. A noite veio. O beijo já é passado. Seu perfume foi com o vento. Seu perfume está longe, já nem consigo sentir mais. Nem se quiser (e muito).
O perfume dos sonhos já passou. O perfume dos momentos já passou. Ora bolas... Como tudo que passou, além do cheiro, do olhar, da face livre dos detalhes, da rua, da ressaca, dos mil olhares. Mas eu pedia: tenha dó do meu coração.
Se acaso passar pela rua, sentir seu cheiro. Lembrar de você. Não vou buscar esquecer, vou apenas buscar lembrar sofismamente do seu perfume. Não vou torturar meu coração, pois já o fiz bastante. Assim que eu passar na perfumaria, eu vou comprar o mais barato, o mais vagabundo, o mais fedorento e vou lembrar do momento de agora. Lembrar o que sinto por você agora. Um sentimento vazio, barato e sem nexo.
Perfumes e ironias a parte... Já que o meu perfume não é suficiente para você, vou borrifar por aí... Fica com o seu cheirinho na solidão...

quinta-feira, agosto 24, 2006


. a carência financeira!

EU VOU ASSALTAR UM BANCO!
Tô só avisando, viu? rs


.são jorge
de Gustavo Resende

Estou plagiando Djavan. São Jorge, me empresta o dragão?

Eu disse que não sabia se não, mas também não tinha certeza que sim. Mas nem você teve. A certeza é algo substancial. Devemos ter certeza daquilo que nos faz não correr nenhum risco. Por isso, nunca tenho certeza de nada!
Você sabe que eu só penso em você! Mas essa não é uma certeza minha! Nem sua. É um grande risco.
Não há como doer pra decidir! Mas a dor é uma certeza com riscos. E meu coração está dolorido.
Insiste em zero a zero e eu quero um a um. Na verdade, não quero nada. Quero apenas um refletido 'oi'.
Japonês em braile. É o próximo curso que vou me matricular, quem sabe assim, eu não consigo te esquecer ou melhorar minha impulsividade/ansiedade.
Deixa vir do coração? Eu deixei este tempo todo. (não controlei agora, tive que rir)
Você tem que largar a mão do NÃO. SÓ DIZER SIM OU NÃO. EU ADORO UM SE. VOCÊ ADORA UM SE. ADORAMOS UM SE.
Não quer meu calor? Vou procurar São Jorge!
E FODA-SE! NO MELHOR ESTILO 'PEDRO MARIANO' DA VERSÃO DE 'SE'.

terça-feira, agosto 22, 2006

.efeitos


.efeitos
de Gustavo Resende

"Outro dia, uma menina caiu e esfolou os joelhos. Sangrou, viu? E ela chorou. Tadinha. Aposto que é isso que você pensou, acertei?
Tadinha é o cacete! Bem feito, porra! Ela correu. Caiu. É um fenômeno natural. Aquela bosta de física, química ou biologia... enfim, ciência, deve explicar. Quem corre cai!
Como sou mau? Obrigado. Ser bom enjoa. Ser bom é ser chato. É ter pena. É não correr e não cair.
Desejo a todos quedas!"

último adeus de um suicida


"Outro dia, eu vi uma menina. Ela corria alegre. Carregava algo, acho que era um sorvete. Um sorvete de creme. Um sorvete com castanhas. Devia estar uma delícia. Ela corria. Corria muito. Para chegar perto do irmãozinho, para quem era o sorvete. Ela caiu. O sorvete caiu. A menina se machucou. Não é por causa do joelho que sangrava discretamente. Ela chorou porque o sorvete não teve o destino esperado."


o penúltimo adeus de um suicida. (antes de ser torturado por sua mente)


"Encontrei com a menina no inferno. E sabem o que ela está fazendo aqui? Antes do sorvete cair, ela colocou veneno. Queria matar o irmão. Filhadumaputa!"


chegando ao inferno, o suicída.


PARA CADA MOMENTO, UM EFEITO ESPERADO. NÃO É POR ACASO QUE DIZEM: "Quer saber teu futuro? Olhe teu passado.".

domingo, agosto 20, 2006

.papo de chuva


. papo de chuva
sentimentos de Gustavo Resende

Hoje está nublado. Minha mente e o céu.
Acordei ouvindo Leoni. Discografia completa, que não me completou. Além de ouvir Leoni, o dia foi muito gratificante, pois acordei e logo fui filosofando com um amigo sobre a existência divina, questionando 'livre-arbítrio' e discutindo aceitação das reações das pessoas.

Enfim, ainda são 2 e meia e já vivi muita coisa. Vivi coisa que nesta semana eu ainda não tinha vivido. Aliás, esta semana eu pouco vivi.

Ah, que papo de chuva. Papo que cai. Sem nexo. Sem bom senso. Sem lógica. Apenas cai.

Eu não queria falar de música, nem de cantor... Afinal, já falei do Leoni no post anterior, mas acabei de ouvir uma música dele que é perfeita! 50 receitas.
Pra quem não sabe, a letra diz: "eu já ouvi 50 receitas para te esquecer... que só me lembram que nada vai resolver..."!

Bem, pra quem não sabe, é isso que eu tô procurando. Quem tiver uma receita, aceito uma boa idéia, aceito que ela seja a 51º receita.

Deu uma vontade de ver Presença de Anita novamente, mas se ouvir mais uma vez 'ne me quitte pas', eu acho que enlouqueço. Vou dar umas férias ao meu ouvido...

Por falar nisso, a Mel Lisboa é bonita, sim! Eu acho. Ela tem uma beleza diferente, pelo menos na minissérie. Ela é sensual. Tem um ar de mistério. Não sei se é ela ou a personagem. Mas enfim, ela é linda, sim!

Outra coisa que foi conversado hoje: o equilíbrio entre o BEM e o MAL. Deus não é mal. Nem é Bom. Deus é Deus e ponto. Deus nos ajude e perdoe. Fiquei mais de 3 horas falando Nele e Dele hoje. Deus existe.

O destino também! Esse lance de "livre-arbítrio" é uma bobagem. Mas, enfim... É minha opinião!

Ah... nostalgia. Como tô isso, esses dias... Lembrando da minha infância, dos meus amigos, dos meus brinquedos, dos meus problemas tão simplórios. Do meu pensamento vago.

Queria ir para Cataguases, mas semana passada, aconteceu uma coisa que me fez ficar nessa cidade. Uma pia caiu! Mas o que isso tem a ver? Tem que na noite anterior, eu pedi a Deus ou ao Destino que algo acontecesse se fosse para eu ficar. E a pia caiu. Fica mais fácil escolher seus futuros dessa maneira...

Tô com muita saudade também. De uma pessoinha que entrou na minha vida e acho que nunca mais vai sair... A Roberta! Nós somos tão diferentes, mas tão parecidos. Temos afinidades astrais. Temos afinidades espirituais. Temos afinidades de olhares!

Eu achei que ia me lidar bem com a sua 'férias', mas tá duro, hein? Volta logo. Preciso ouvir mais uma receita... quem sabe a 51º! Afinal, as anteriores foram maioria suas...

Tem dia que eu tenho vontade de ver sangue. Hoje, eu tô vontade de ver meu sangue. Mas fiquem calmo. Meu alter-ego trabalha pra cacete e me freia quando preciso. Sempre!

Pensei em alugar um dvd de animação ou um besterol americano... ou quem sabe um daqueles do jim carrey... Mas tô sem dinheiro também. Carência financeira é o maior dos meus problemas!

Acho que vou fazer esses papos de chuvas mais vezes... Tá sendo bom falar sem nexo, sem noção. Tá parecendo TERAPIA.
Por falar em terapia, preciso urgente de um terapeuta. Meu TOC tem piorado cada dia mais... Além da síndrome das pernas inquietas... E isso pega, cuidado! Né, Roberta? rs

"o que me dá raiva são as flores e os dias de Sol... São os seus beijos e o que eu tinha sonhado para nós... são seus olhos e mãos... seu abraço protetor! é o que vai me faltar... o que fazer do meu amor?"

aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaiiiiiiiiiii! para com essa merda!

Roberta, volta logo... Precisamos subir no MORRO DO CRISTO e GRITAR PARA A TODA CIDADE!!! mandar toda essa bosta de gente tomar naquele lugar que o Sol não bate!

Precisamos assistir mais uma vez o 'jeans viajante'. E perceber que não temos mais tempo. Aliás, nunca tivemos...

MAS QUE MERDA DE TUDO, HEIN?

Vou assaltar um banco. Ou me cortar fazendo a barba! Não sei qual é o mais doloroso.
Já que quero ver sangue, o meu sangue, vou fazer a barba!

e Não me estressem!

Coisas que me irritaram:
*minha mãe levou o meu carregador de celular no lugar do dela!... Tenho que usar escondido o da irmã do Danilo! DROGA!

*estou sendo guardado em gavetas... é muito doloroso! mas é a hora da virada!

*andar muito para ir até um lugar e chegar lá não ver o que gostaria de ver... ou melhor, não fazer o que gostaria de fazer!

*todas as pessoas achando que eu que tô complicando as coisas simples da vida! ISSO ME IRRITA!!!

*as pessoas que me cumprimentaram na rua... EU ODEIO INTIMIDADE! BOM DIA É O CARA&*&$#*&$LHO!!!

*reler MEMÓRIAS PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS... CLÁSSICOS TÊM ME IRRITADO UM POUCO ULTIMAMENTE. Tô preferindo coisas mais underground!

*as pestes dos meus amigos colocando a mesma música no som! MAS QUE CACILDA! Já chega da faixa 17, né Danilo?

*uma ex-amiga ter me esquecido... Liguei para ela esses dias e ela não sabia quem era! ACREDITAM???

*um e-mail que recebi muito mal-criado... Falta de educação é algo que não ACEITO!

*ser acordado com o telefone tocando... sendo que passei a noite na rua! rsrsrs

(enfim... muitas coisas me irritaram!)

ESTOU PUTO DA VIDA!

AGORA, TENHO QUE IR... TEM GENTE ME ESPERANDO EM OUTRO LUGAR...


Humpf! (eu respiro tentando encher os pulmões de vida...)

Desculpem o PAPO DE CHUVA...

Mas foi bom!
Pelo menos pra mim!
Comprem um guarda-chuva, já basta! (para bom entendedor, risco é Francisco, né, Beta?)

;)

.o que ouço?


.o que ouço?

As Cartas Que eu Não Mando --- Leoni
Composição: Leoni, Luciana Fregolente

Rio de JaneiroHoje é 23 do 3
Como vão as coisas
De mês em mês
Eu me sento pra escrever pra você
Eu reformei a casa
Você nem soube disso
Nem das outras coisas
Sabe, eu tive um filho
Já faz tempo que eu me perdi de você

Guardo pra te daras cartas que eu não mando
Conto por contar
E deixo em algum canto

Vi alguns amigos
Tropeçando pela vida
Andei por tantas ruas
São estórias esquecidas
Que um dia eu quis contar pra você
Eu fico imaginando:
Sua casa e seus amigos
Com quem você se deita
Quem te dá abrigo
Eu me lembro que eu já contei com você

E as pilhas de envelopes
Já não cabem nos armários
Vão tomando meu espaço
Fazem montes pela sala
Hoje são a minha cama
Minha mesa, meus lençóis
E eu me visto de saudades
Do que já não somos nós...



----> Eu sempre gostei dessa música. A letra é maravilhosa, mas tirando isso, o ritmo, o balanço da música é perfeito! muito boa mesmo!!! Ah, e não guardemos cartas, né? ;)

.conto (o sapo do futuro)


. o sapo do futuro
de Gustavo Resende

A menina acabou de acordar. Ela não é mais menina. Nem é mulher. É moça. Uma adorável moça. Tem seus quinze anos.
O primeiro toque do pé no chão frio do quarto a fez acordar para a realidade. Ela tinha sonhado que estava em um magnífico conto de fadas. Uma dessas histórias melosas que contam para crianças.
Ela adorava (e adora) conto de fadas, prefere o da Cinderela. Mas sente-se angustiada quando a carruagem vira abóboras. Os cavalos, ratos. A linda mulher se transforma em uma ordinária qualquer...
O sonho que teve foi mais ou menos assim. Ela passeava alegre e saltitante pelo bosque. Ali perto tinha um lago, um lago puro, transparente e belo. Ela podia se ver pelo reflexo. Via que refletia ali uma garota bela, mas triste. Infeliz, digamos. Uma menina que sonhava triste por não encontrar o grande amor. Lembrara dos dizeres de uma fada:
"Dar-te-ei o amor em troca de tua felicidade, aceita?"
Ela tinha dito não.
Hoje sabia que não podia ser feliz sem o amor. Nem poderia amar sem ser feliz.
Mais uma vez ela olhou para o seu reflexo e dali saiu um sapo. Um sapo robótico, cibernético... Um sapo do futuro. Ele tinha engrenagens pelo corpo. Seus movimentos eram programados. Seus sons eram simplórios, mas complexos. O sapo coachava sem parar, mas ela não entendia nada.
O sapo veio de um futuro. Um futuro tão futuro que nem ela que não pertencia àquele mundo poderia reconhecer. Ela beijou o sapo. Beijou seus parafusos.
- Serás meu príncipe.
O sapo pulou na água, desmontou-se e ela só via fios e metais indo para o fundo. Até que não viu mais seu príncipe e viu seu reflexo de infelicidade.
Andou até o castelo e lá encontrou um príncipe. Eles casaram e foram infelizes para sempre. Eles se amavam!

sábado, agosto 19, 2006

o que vejo?/o que ouço?


. o que vejo?

PRESENÇA DE ANITA
a minissérie de Manoel Carlos, livremente inspirada no homônimo de Mario Donato.

Não li o livro, ainda. A minissérie é fantástica e assisti as duas vezes que passou. Tem gente que acha que é uma pornografia, mas é porque não entende o contextoa artístico, nem a história em si. A minissérie é perfeita. MARAVILHOSO ELENCO. EXCELENTE DIREÇÃO. TEXTO PERFEITO. Uma verdadeira harmonia.

Vale a pena comprar ou alugar o DVD. São pouco mais de dez horas de muita emoção e sedução.

MELHORES CENAS:
segundo capítulo:
Anita diz para Nando: "nada é coincidência. tudo está escrito... não acredita no destino? acha mesmo que foi por acaso que você entrou aqui? que a gente se conheceu? estava escrito... assim como está escrito que você vai voltar..."

décimo quarto capítulo:
Julieta diz para Lúcia: "o amor é um punhal de dois gumes fatais. quem ama sofre, quem não ama sofre mais..."

décimo 'alguma coisa' capítulo:
A MELHOR CENA!
ZEZINHO BEIJA A ESCOVA DE DENTES DA ANITA.
É linda a cena. Perfeita. Tenho muita pena dele! rs Aliás, ele é como eu... rs

(momento eu) POLISSÍLABAS


.POLISSÍLABAS (ou O liquidificador de metáforas)
de Gustavo Resende

Um pá
Um pé
Um pó
Um pirulito.

Um cá.
Um cê.
Um cu.
Um cigano.

Nem se tivesse todo acervo de palavras...
Nem se houvesse dias e noites...
Nem se apagasse da tua gramática...
Nem se deixasse de achar tuas palavras...

Em carismas.
Em libélulas.
Em texturas.
Em figuras.

Em paredes.
Em traças e em livros.
Em recortes.
Em pedaços.

Pedaços que te deixo.
Pedaços que te mostro.
Pedaços que te posto.
Pedaços em que fico.

Fico.
Vícios.
Virtudes.
Ventiladores.

Liquidificadores.
Batedeiras.
Ferros.
Lixo.

O que desejo.
É nascer outras vezes.
E quem sabe assim ter certeza...
De quem queria um tal assim...

Segredos.
Esconderijos.
Pistas e suspeitos.
Crimes não cometidos.

Não cometidos por omissão.
Por perdão.
Por opção.
Por declaração.

E todas palavras que eu quiser serão polissílabas.
E todas palavras que eu qusier são monossílabas.
Porque eu quero assim...
A sua gramática não apagou minhas regras?

Apago as suas regras.
Crio as minhas.
Sem pudor e nostalgia.
Sem desencantos e com muitas sílabas...

.o canto dos mortos

.o canto dos mortos
de Gustavo Resende

Esta noite, eu tive um pesadelo. Bem, na verdade, não foi um pesadelo. Na profunda verdade, nem foi um sonho. Foi um insight, como dizem os publicitários... Mas como sou o rei da insegurança, não coloquei, ainda, em prática este insight. Por quê? Porque eu temo que tenha sido um pesadelo. Ou que possa se tornar um...

Temor. É isso que deve se sentir quando morre, não é mesmo? O eco dos mortos é dolorido e assim nos faz ver o que não foi na vida. Pragmático...

Quando tentei voltar ao sono dos vivos, percebi que já estava morto e que não tinha saída. Era ou eu, ou eu... Destruído ficou meu travesseiro. E dolorido meus sonhos, ou meu pesadelo.

O dia chegou. O Sol chegou, graças a Deus. Mas eu ainda estava dormindo, triste e deprimido. Dilemas de um passado mortal. Uma nova noite chegou. Novos dias chegaram. Novas noites chegaram. E não coloquei-me a sonhar, a ter pesadelos, muito menos insights...

Me ferrei! Ouvi o canto dos mortos, pois só isso restava!