segunda-feira, agosto 28, 2006

.o perfume


. o perfume
de Gustavo Resende

Andava pela rua, seus cabelos ao vento e sua face livre de detalhes e passados. Teus olhares mirando os meus olhares. Tenha dó de meu coração, eu pedia bêbado de tanto perfume. O teu cheiro misturava com o aroma das mais lindas rosas do parque público. Seu simples desejo e meu intenso momento.
Ignore mais uma vez. Ironias.
Os dias vieram. A noite veio. O beijo já é passado. Seu perfume foi com o vento. Seu perfume está longe, já nem consigo sentir mais. Nem se quiser (e muito).
O perfume dos sonhos já passou. O perfume dos momentos já passou. Ora bolas... Como tudo que passou, além do cheiro, do olhar, da face livre dos detalhes, da rua, da ressaca, dos mil olhares. Mas eu pedia: tenha dó do meu coração.
Se acaso passar pela rua, sentir seu cheiro. Lembrar de você. Não vou buscar esquecer, vou apenas buscar lembrar sofismamente do seu perfume. Não vou torturar meu coração, pois já o fiz bastante. Assim que eu passar na perfumaria, eu vou comprar o mais barato, o mais vagabundo, o mais fedorento e vou lembrar do momento de agora. Lembrar o que sinto por você agora. Um sentimento vazio, barato e sem nexo.
Perfumes e ironias a parte... Já que o meu perfume não é suficiente para você, vou borrifar por aí... Fica com o seu cheirinho na solidão...

1 Comentários:

Às 9:54 PM , Anonymous Anônimo disse...

bota esse texto no liquidificador, gus! ele merece!

 

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