(momento eu) POLISSÍLABAS

.POLISSÍLABAS (ou O liquidificador de metáforas)
de Gustavo Resende
Um pá
Um pé
Um pó
Um pirulito.
Um cá.
Um cê.
Um cu.
Um cigano.
Nem se tivesse todo acervo de palavras...
Nem se houvesse dias e noites...
Nem se apagasse da tua gramática...
Nem se deixasse de achar tuas palavras...
Em carismas.
Em libélulas.
Em texturas.
Em figuras.
Em paredes.
Em traças e em livros.
Em recortes.
Em pedaços.
Pedaços que te deixo.
Pedaços que te mostro.
Pedaços que te posto.
Pedaços em que fico.
Fico.
Vícios.
Virtudes.
Ventiladores.
Liquidificadores.
Batedeiras.
Ferros.
Lixo.
O que desejo.
É nascer outras vezes.
E quem sabe assim ter certeza...
De quem queria um tal assim...
Segredos.
Esconderijos.
Pistas e suspeitos.
Crimes não cometidos.
Não cometidos por omissão.
Por perdão.
Por opção.
Por declaração.
E todas palavras que eu quiser serão polissílabas.
E todas palavras que eu qusier são monossílabas.
Porque eu quero assim...
A sua gramática não apagou minhas regras?
Apago as suas regras.
Crio as minhas.
Sem pudor e nostalgia.
Sem desencantos e com muitas sílabas...
1 Comentários:
Gustavo, gostei do Polissilaba ou liquidificador de metáforas
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